EM CONSERVA | PRESERVED

O elogio que ressoa como uma sentença: "Você está tão conservada". Um aprisionamento invisível, a pressão social disfarçada sob a máscara da juventude, onde a pele esticada é idolatrada e o tempo deve ser temido. Em uma série de autorretratos impressos em folhas, cada imagem conta uma história, impressa delicadamente no tecido vivo das plantas, absorvendo as marcas do tempo e as texturas da vida. Folhas preservadas, cada uma conservada em vidro, como relíquias frágeis de um corpo que resiste, mas não se esconde.

O trabalho questiona o olhar que insiste em congelar o tempo, que mede nossa validade pelo viço e descarta as marcas como algo a ser escondido. Aqui, cada folha carrega um fragmento do rosto que insiste em não desaparecer, mas em transformar-se, em buscar a beleza além dos limites estreitos que nos são impostos.

As superfícies das folhas carregam não só o retrato, mas também as curvas, veios, dobras, entranhas, rachaduras, linhas e o envelhecimento natural. O contraste entre a imagem e o material é sutil, mas enquanto as folhas vão secando, as estruturas dos veios tornam-se mais visíveis, assim como nossas próprias camadas. A beleza conservada em vidro, que não teme o desbotar.

Nos vidros, essas impressões vegetais e corporais coexistem, dissolvendo fronteiras entre corpo, natureza e tempo. O olhar conservador que diz "você está tão conservada" ou "você está tão bem para a sua idade" se torna uma prisão onde o feminino muitas vezes é confinado. No entanto, nessas imagens, esse olhar é transformado: em vez de focar na juventude, valoriza-se o desabrochar contínuo da idade. A série de autorretratos convida o observador a refletir sobre o verdadeiro significado de conservar-se, mostrando que a beleza reflete nossa relação com nós mesmas e com o mundo.

The compliment that resonates like a sentence: "You are so well preserved." An invisible imprisonment, social pressure disguised under the mask of youth, where taut skin is idolized and time is to be feared. In a series of self-portraits printed on leaves, each image tells a story, delicately imprinted on the living tissue of plants, absorbing the marks of time and the textures of life. Preserved leaves, each one preserved in glass, like fragile relics of a body that resists but does not hide.

The work questions the gaze that insists on freezing time, that measures our validity by our freshness and dismisses marks as something to be hidden. Here, each leaf carries a fragment of the face that insists on not disappearing, but on transforming itself, on seeking beauty beyond the narrow limits imposed on us.

The surfaces of the leaves carry not only the portrait, but also the curves, veins, folds, entrails, cracks, lines and natural aging. The contrast between the image and the material is subtle, but as the leaves dry, the vein structures become more visible, as do our own layers. Beauty preserved in glass, which is not afraid of fading.

In glass, these vegetal and corporeal impressions coexist, dissolving boundaries between body, nature and time. The conservative gaze that says "you are so well preserved" or "you look so good for your age" becomes a prison where the feminine is often confined. However, in these images, this gaze is transformed: instead of focusing on youth, the continuous blossoming of age is valued. The series of self-portraits invites the observer to reflect on the true meaning of conservation, showing that beauty reflects our relationship with ourselves and with the world.