Ao caminhar pelos arredores do meu corpo e dos espaços que ocupo nesse mundo sinto a força da natureza e a importância da sua existência. Descubro belezas escondidas em lugares inusitados, onde apenas vislumbro pistas do que está prestes a surgir. Observo e aguardo, até que, de repente, descubro tantas maravilhas que mal consigo explicar a mim mesma. Emociono-me ao perceber que os sentimentos e sensações que surgem ao testemunhar esse processo ecoam em sintonia com o que brota das frestas ao meu redor. O brotar é lento, segue em compasso de espera. Nunca brota de forma escancarada, sempre aparece devagar, sutilmente, com a sutileza de saber que tem todo o tempo do mundo. Que não há pressa para desabrochar uma nova vida. O que me fascina na emergência de plantas, musgos e outros seres vegetais em frestas, fendas e rasgos no chão, especialmente em meio ao concreto duro, é que esse fenômeno simboliza a força e a persistência da natureza em se adaptar e prosperar em condições desafiadoras e ambientes hostis. Ela tenta retomar, mesmo que lentamente, o que sempre lhe pertenceu.

As I walk around my body and the spaces I occupy in this world, I feel the force of nature and the importance of its existence. I discover hidden beauties in unusual places, where I only glimpse clues of what is about to emerge. I observe and wait, until, suddenly, I discover so many wonders that I can barely explain to myself. I am moved when I realize that the feelings and sensations that arise when I witness this process echo in tune with what sprouts from the cracks around me. The sprouting is slow, it continues in a waiting rhythm. It never sprouts in an obvious way, it always appears slowly, subtly, with the subtlety of knowing that there is all the time in the world. That there is no rush for a new life to blossom. What fascinates me about the emergence of plants, mosses and other plant life in cracks, crevices and tears in the ground, especially in the midst of hard concrete, is that this phenomenon symbolizes the strength and persistence of nature in adapting and thriving in challenging conditions and hostile environments. It tries to reclaim, even if slowly, what has always belonged to it.